domingo, 9 de maio de 2010

Sinan

Na área de saúde pública, existe um lista de agravos a saúde (a última que tenho conhecimento continha 43 agravos) que se for diagnósticado por um profissional de saúde habilitado deve ser comunicado à vigilância epidemiológica municipal o mais rápido possível, algumas só o fato de ser um caso suspeito (sinais e sintomas clínicos condizentes com o agravo) devem ser notificadas imediatamente, outras só quando confirmadas (Clinicamente e/ou laboratorialmente). Vale lembrar que este procedimento é obrigação de TODO profissional de saúde, quer da rede pública ou privada.

Estas notificações são "lançadas" num software, o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), este sistema é formado por uma rede que pode ser estendida da Unidade de Saúde passando pelos Municípios e Estados até o Ministério da Saúde. Assim o Sistema de Vigilância em Saúde, Especificamente a Vigilância Epidemiológica, pode conhecer o perfil de doença das diversas regiões do País e definir estratégias de controle destes agravos, criar protocolos de intervenção em casos de surtos ou epidemias por exemplo.

Um destes agravos é a Hanseníase, doença secular, ou melhor milenar, já que é citada na bíblia com o outro nome que é conhecida, a Lepra. A hanseníase é causada pelo Mycobacterium Leprae. É uma doença tratável, comseu tratamento podendo ser de 6 meses ou 1 ano, dependendo da forma clínica apresentada, todo o tratamento é gratuitamente fornecido pelo SUS.

Segundo dados de 2005, dentre os 15 países do mundo, onde a hanseníase é endêmica, o Brasil ocupava o 2° lugar em números absolutos. No Continente Americano, o Brasil detém cerca de 94% dos casos e a região Nordeste tem apresentado a maior tendência de crescimento da endemia no País. O estado de Pernambuco, em relação às demais unidades da federação, ocupa o 7º lugar em coeficiente de prevalência e em relação à região nordeste a 2ª posição, apresentando uma distribuição desigual da doença com a prevalência variando de 0,4 a 20,0 por 10.000 habitantes.

A vigilância epidemiológica tem no Sistema de Informação um instrumento fundamental no fornecimento das informações que irão nortear as ações necessárias para que se consiga atingir a meta de eliminação da Hanseníase. Alguns estudos realizados no país apontam que o software utilizado por este sistema (SINAN), desde sua implantação, tem apresentado divergências entre o número de casos de hanseníase existentes e a proporção registrada no sistema; aumento expressivo na taxa de abandono, manutenção da prevalência, quando se esperava uma queda, duplicidade de registros de pacientes e falta de atualização das informações, entre outros.


Em 2005, coordenei um grupo de pesquisa preocupados em esclarecer os problemas relativos ao Sinan e se possível sujerir correções/melhorias. Deste trabalho surgiram alguns artigos, no link http://www.leprahealthinaction.org/lr/June08/Lep171-182.pdf encontra-se o artigo publicado pelo Leprosy Review (em inglês), tentarei localizar outras fontes que contenham outros artigos originários da mesma pesquisa em português.

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